XÍCARA DE CAFÉ por Salvador Raimundo
ONZE dias sob custódia militar, Amade Abubacar, o jornalista do órgão público Instituto de Comunicação Social (ICS), acaba de ser trespassado para a alçada policial, de onde nunca devia ter sido transferido para as Forças Armadas, afinal o tipo é civil.
Amade está a ser acusado de ‘instigação pública’, sabe-se lá o que é isso, embora facilmente se possa especular com relativa facilidade. Trabalhando em Macomia, um dos distritos assolados pelos ataques, juntamente com Mocímboa da Praia, Nangade e Palma, é suposto que Amade tenha decidido ‘cavar’ mais a questão, acabando nas malhas da defesa e segurança.
A avaliar por alguns depoimentos, é ainda suposto que Amade se tenha feito em terreno inimigo, de influência dos que andam a atacar as populações, estas, nos últimos tempos, em intensa debandada, fugidas de incurssões atacantes.
Nessa iniciativa, o jornalista teria sido, inicialmente, confudido com o inimigo, mas cedo confirmada a sua não ligação com os atacantes, acabando em bode expiatório.
Regra geral, em território de conflitos armados, os militares costumam andar de nervos à flor da pele, onde todas as contrariedades acabam sendo motivo suficiente para grandes alaridos. Foi assim durante a guerra civil e quando dos conflitos armados, tem sido o mesmo em Cabo Delgado, precipitando a promoção do medo até no seio da população e da classe jornalística. Os nervos levam rapidamente a decisões precipitadas, onde somente a voz do comando de quem está no terreno é válida e os civis sujeitos a pagar as despesas do mau momento em que os militares se encontram.
Pena que durante onze dias nenhuma autoridade tenha conseguido travar este estado de coisas, incluíndo, sobretudo, a polícia, que diante do caso, foi de uma figura, no mínimo, vergonhosa. É conhecida a ‘rivalidade’ entre militares e polícias.
Aqueles se orgulham do nível de preparação, referindo que os policiais não passam de ‘meninas’ que só sabem lidar com pequenos crimes, sem conhecerem o real sabor amargo de uma confrotação armada. Não surpreende, pois, que no caso-Amade, a polícia em Cabo Delgado se tenha limitado a obedecer as chefias militares.
Resta saber o próximo destino do jornalista, se alvo de um processo-crime ou simplesmente devolvido à liberdade. Em qualquer dos casos, Amade Abubacar se dá no direito de ataque jurídico contra os seus raptores.
Pode ser que até nem tente avançar com acção-crime contra os seus raptores, de tanto abalo psicológico que o cuidado terá sofrido, com eventuais ameaças à mistura. Andre Hanekom, o tal empresário sul-africano acusado de financiar os grupos atacantes em Cabo Delgado, pode estar na mesma situação de Amade Abubacar.
É que diante de uma busca incensante dos rostos dos ataques em Cabo Delgado, se cometem erros de palmatória onde se apontam alvos falhados, numa confusão danada. Será o caso?
EXPRESSO – 17.01.2019
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