O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, anunciou a detenção de vários membros "perigosos" de grupos que destabilizam o norte do país.
"Apresentámos recentemente, em Nampula, três malfeitores ugandeses" e outros detidos indiciados por recrutar elementos e "matar naqueles distritos" da província de Cabo Delgado, referiu o dirigente, apontando os nomes de cada um e detalhando as operações.
Bernardino Rafael falava na segunda-feira durante uma parada policial, em Nampula, norte de Moçambique, citado hoje pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Segundo o Comandante-Geral da Polícia, os detidos são elementos "perigosos" que se encarregavam de receção e logística de jovens aliciados em distritos da província de Nampula - a sul de Cabo Delgado, onde acontecem os ataques.
"A missão era receber os recrutados e potenciar os ataques às comunidades em Cabo Delgado" e, além disso, compravam "facas, catanas e machados que os criminosos usam para esquartejar moçambicanos inocentes", descreveu.
Um dos suspeitos estaria encarregue de transferir dinheiro, e ainda encomendar "farinha da África do Sul", na qual "metia munições e explosivos caseiros" que passavam por Nampula.
"Encontrámos isso num carro de uma transportadora", explicou, dizendo que esse suspeito tinha ligações "com o sul-africano falecido" - num alusão a Andre Hanekom.
O empresário sul-africano morreu em janeiro, enquanto detido pela polícia, em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, em circunstâncias classificadas como suspeitas pela família e pela ONG Human Rights Watch.
"Imagine-se ugandeses virem assassinar em Moçambique. O seu interesse é perturbar a ordem, abrir brechas para que a nossa economia retarde", ou seja, travar o desenvolvimento, denunciou Bernardino Rafael.
Ao mesmo tempo que o comandante-geral das PRM discursava em Nampula, as forças de defesa e segurança anunciavam ter neutralizado mais quatro suspeitos de recrutamento e logística de apoio aos ataques.
Os quatro, todos moçambicanos, foram detidos nos distritos de Mocímboa da Praia e Macomia e ainda na cidade de Pemba.
Desde outubro de 2017, já terão morrido cerca de 150 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança.
A onda de violência em Cabo Delgado (2.000 quilómetros a norte de Maputo, no extremo norte de Moçambique, junto à Tanzânia) eclodiu após um ataque armado a postos de polícia de Mocímboa da Praia por um grupo com origem numa mesquita local que pregava a insurgência contra o Estado e cujos hábitos motivavam atritos com os residentes desde há dois anos.
Depois de Mocímboa da Praia, têm ocorrido vários ataques que se suspeita estarem relacionados com o mesmo tipo de grupo, sempre longe do asfalto e fora da zona de implantação da fábrica e outras infraestruturas das empresas petrolíferas que vão explorar gás natural.
No entanto, a proximidade dos mais recentes ataques tem feito com que as obras estejam a decorrer com "segurança reforçada", disse à Lusa a petrolífera Anadarko, que coordena os trabalhos na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado.
LUSA – 05.02.2019
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