Chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pediram às autoridades da República Democrática do Congo (RDC) a suspensão do anúncio dos resultados definitivos da eleição presidencial do passado dia 30 de Dezembro como forma de evitar uma nova crise no país.
Numa cimeira nesta quinta-feira, 17, em Addis Abeba, na qual participou também o Presidente angolano, João Lourenço, os líderes regionais disseram haver “sérias dúvidas sobre a conformidade dos resultados provisórios, tais como foram proclamados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI)".
A cimeira da “dupla troika” da organização (Angola, Namíbia, África do Sul, Zâmbia, Tanzânia e Zimbabwe) afirmou ter tomado “nota da petição eleitoral apresentada ao Tribunal Constitucional que impugna os resultados provisórios das Eleições Presidenciais e apelou a todo o povo congolês e a todos os actores políticos interessados a manter a calma e a pautar-se de modo a consolidar a democracia e a preservar a paz”.
Numa tentativa de tentar evitar mais uma crise, a SADC decidiu enviar “com urgência” à Kinshasa “uma delegação de alto nível, incluindo o presidente da União Africana (actualmente o chefe de Estado ruandês, Paul Kagame), assim como outros chefes de Estado e de Governo e o presidente da Comissão da União Africana".
A missão é "encontrar um consenso sobre uma saída para a crise pós-eleitoral".
Resultados e recurso
Num comunicado divulgado no final, “a cimeira reafirmou o seu compromisso com vista a apoiar de forma contínua os processos políticos da República Democrática do Congo e Neutralizar as forças negativas e de outros grupos armados que operam no leste da República Democrática do Congo, bem como a acompanhar o processo”.
O Tribunal Constitucional da RDC era suposto confirmar na quarta-feira, 16, os resultados provisórios anunciados pela CENI há uma semana e que deram a vitória ao candidato da oposição Félix Tshisekedi, com 38,57 por cento dos votos, à frente do candidato do principal partido da oposição, Martin Fayulu, com 34,8 por cento.
De imediato, Fayulu, contestou os resultados e recorreu a dados recolhidos por cerca de 40 mil observadores da Conferência Nacional Episcopal do Congo (CENCO), que, segundo ele, lhe deu vitória com 61 por cento dos votos.
Aquele órgão, entretanto, limitou-se a dizer que os dados que possui são diferentes dos oficiais, no que foi corroborado por diplomatas ocidentais em Kinshasa.
Acto seguido, Martin Fayulu apresentou uma queixa por fraude no Tribunal Constitucional, que devia proclamar os resultados definitivos até 22 de Janeiro, data da tomada de posse do novo Presidente.
Entretanto, recorde-se que os resultados das eleições legislativas, realizadas no mesmo dia, deram larga maioria às forças favoráveis ao Presidente cessante, Joseph Kabila, com pelo menos 350 deputados em 500.
VOA – 18.01.2019
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