Por Edwin Hounnou
Moçambique, o nosso país, virou um simples “take away”onde todo o esperto mete a mão e tira o que quiser e quanto conseguir carregar para casa porque o termo roubar já não caracteriza o cenário que vivemos.
Roubar tem consequência a cadeia, julgamento e, possivelmente, a condenação. Quando se rouba aos volumes astronômicos e com toda a impunidade, como se assiste, sob o olhar cúmplice, algumas vezes, com a protecção das instituições que deveriam zelar pela lei, é levar para casa, um termo, gentilmente, emprestado a Tomás Vieira Mário.
Em qualquer sociedade normal, antiga ou moderna, roubar sempre foi e continua a ser um crime severamente punível nos termos da lei.
Nós não temos lei que puna um mal quando for praticado por um grande, ou seja, o xadrez político-administrativo não permite que as instituições de justiça funcionem com regularidade. Não são independentes nem autónomos do poder político. Os demais poderes do Estado - o legislativo e o judiciário são a outra face do poder político. Quando falam da separação de poderes é, apenas, para nos enganar.
O que diferencia Moçambique dos demais países é aforma como nós encaramos o fenómeno roubar. Em todo o Mundo rouba-se, isso é, absolutamente, verdade, todavia, noutros quadrantes do Mundo, os ladrões e corruptos sãoperseguidos, presos, julgados e condenados pela justiça, enquanto entre nós, os corruptos, bandidos e assassinos são venerados, tratados como heróis e têm assento cativo no parlamento nacional, para que sejam vistos como pessoas importantes.
As nossas instituições de justiça só prendem, julgam e condenam quando os gatunos, bandidos e assassinos forem de pequeno calibre ou desprotegidos das grandes elites político-económicas do partido governamental. O partido no poder cultivou, ao longo dos anos, a cultura da impunidade e agora o país está a colher o que andou a semear – o Estado foi capturado pela grande máfi a siciliana, numa combinação vertiginosa entre “moçambicanos de gema” e estrangeiros.
Como resultado, temos a economia do país debilitada devido ao saque desenfreado e ausência quase completa de políticas de desenvolvimento integrado. Se não houvesse tolerância à corrupção, Moçambique seria, nos dias que correm, um país desenvolvido aceitável e não constaria na cauda do mundo, em todos os sectores. Quanto à corrupção, o nosso país segue no pelotão da frente.
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