Por Télio Chamuço
No meio de todo o frenesim que gravita em torno da detenção de um ex-ministro moçambicano, emerge um aspecto que quanto à mim traduz-se de importância similar àquela que dou à necessidade de se perseguir, investigar, acusar, julgar e condenar, prender os cabecilhas (e respectiva “fauna acompanhante”) da “dívida odiosa” comumente chamada de “dívida oculta”.
Refiro-me à violenta chapada que os norte-americanos (”bendita mão externa...”) aplicaram aos organismos da justiça moçambicana.
Está tudo tão escancarado e escarrapachado que podemos afirmar, com segurança, que, de “oculto”, essa dívida já não tem nada. Já não há nada “ocultado” além (i) do paradeiro das exorbitantes somas de dinheiro que foram “gamadas” dos moçambicanos e (ii) das diligências que [não] são feitas pelos organismos da justiça moçambicana num Processo de Instrução Preparatória identificado como sendo n.º 1/2015, sem arguidos constituídos volvidos quatro anos... Desde 2015!!!!!!!!
É vergonhoso que os organismos da Justiça do país brutalmente lesado primem pela sossegada apatia e desleixo, conduta amórfica e desinteressada e tem de ser os “gringos do tio Sam” a tentar restaurar a ordem natural (e jurídica) das coisas!
O passeio pelos terrenos da impunidade só é garantido se os dossiers estiverem ao cuidado da justiça moçambicana. Se houver a ínfima possibilidade de os crimes de colarinho branco praticados pelos imunes e impunes à justiça moçambicana também ofenderem criminalmente ordenamentos jurídicos estrangeiros, aí a garantia de impunidade cessa.
O mundo inteiro está a assistir o esforço hercúleo que os organismos da justiça moçambicana encetam para “não perturbar o sossego” de quem despedaçou o país.
O mundo inteiro está a apreciar a forma como os organismos da justiça moçambicana fazem de tudo (na verdade, o fazer tudo traduz-se em precisamente não fazer nada no processo judicial, deixando-o a vegetar e adquirir naftalina nos esquecidas gavetas do Judiciário) para livrar, abreviar e aliviar a responsabilidade criminal de quem trucidou o país.
Os norte-americanos puseram a justiça moçambicana a arder de vergonha e devolveram uma réstia de esperança ao povo que tenciona ver esse dossier das dívidas odiosas resolvido.
Nos já sabemos: se depender da justiça moçambicana, o processo morre à nascença. Se depender dos gringos, o que morre à nascença é o desiderato da justiça moçambicana (o desiderato de deixar as coisas como estão).
Chegamos ao ponto em que os moçambicanos acendem velas para que os que surripiaram as gigantescas quantias de dinheiro dos moçambicanos (deixando milhões de moçambicanos sem ter o que comer) sejam julgados nos EUA, pois não há confiança no sistema da justiça moçambicana. É VERGONHOSO!
É com muita pena que digo isto: avante Estados Unidos. Façam o que a nossa justiça é incapaz de fazer, seja por medo, conluio partidário, apadrinhamento, camaradagem ou promiscuidade política...
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