O historiador Jaime Nogueira Pinto admite que a Renamo enfrentará tarefa difícil para eleger esta semana um novo líder, capaz de conciliar a manutenção da paz no país com o poder desejado pelo maior partido da oposição.
A Renamo reúne-se a partir de hoje em congresso, no distrito de Gorongosa, província de Sofala, encontro que vai eleger o sucessor do falecido líder do partido, Afonso Dhlakama, que esteve no cargo quase 40 anos.
"Após uma liderança tão longa, não é fácil encontrar um sucessor; e uma vez encontrado, a sua tarefa também não será fácil", alertou o historiador e professor Jaime Nogueira Pinto, recordando que a última acção de Dhlakama foi o entendimento com o Presidente da República, Filipe Nyusi, ao conseguir um Acordo de Princípio para restabelecer a paz em Moçambique, pouco antes de falecer, em maio de 2017.
A tarefa deste congresso é dificultada ainda, aponta o especialista em assuntos africanos, em declarações à Lusa, pela “conjuntura difícil em que Moçambique se encontra”, por um lado com o “escândalo” das dívidas ocultas do Estado “a atingir altas figuras do partido no poder” – a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) -, e “por outro com a instabilidade e insegurança no Norte, causada por bandos armados”.
“Os delegados ao congresso da Renamo não têm pois, tarefa fácil. O novo líder terá que conciliar as naturais funções e ambições do partido número um da oposição – fazer oposição ao Governo e ganhar as eleições – com o sentido de Estado e do país, de ajudar responsavelmente a manter a paz e a ordem, pensando no ‘bem comum’ do país e do povo”, sustentou Jaime Nogueira Pinto.
A reunião junta a partir de hoje na Gorongosa 700 delegados do partido, além de 300 convidados, e prolonga-se até quinta-feira.
Já anunciaram a candidatura ao cargo de secretário-geral da Renamo Manuel Bissopo, Elias Dhlakama, general na reserva e irmão de Afonso Dhlakama, e Hermínio Morais, um antigo comandante da guerrilha do partido.
O novo líder da Renamo será automaticamente candidato do partido às eleições presidenciais deste ano, que vão decorrer em simultâneo com as legislativas e provinciais.
Afonso Dhlakama morreu a 03 de maio do ano passado vítima de doença, depois de cerca de 40 anos na liderança do partido.
LUSA – 15.01.2019
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