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Anadarko está a gastar meio bilião de dólares no Norte de Moçambique com empresas estrangeiras
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Escrito por Adérito Caldeira em 23 Novembro 2018 |
Depois do futuro melhor não ter chegado para a maioria dos moçambicanos com o gás de Inhambane, nem com o carvão de Tete os políticos garantem que com o gás natural da Bacia do Rovuma a “Pérola do Índico” deverá brilhar ainda mais e o ansiado futuro melhor poderá enfim ser uma realidade por volta de 2030...
Porém antes da exploração do gás natural iniciar e os impostos começarem a ser pagos será durante a instalação dos projectos que os moçambicanos poderão tirar proveito directo desses recursos que a natureza abençoou o nosso país seja através de empregos mas principalmente prestando serviços às multinacionais.
A Anadarko, que lidera a exploração que vai acontecer na denominada Área 1, na província de Cabo Delgado, tem mostrado vontade de fazer de forma muuto diferente do que a Sasol não tem feito e tudo de errado que a Vale fez com as populações de Moatize.
Steve Wilson, intervindo num dos painéis da Conferência do Financial Times que decorreu em Maputo, afirmou que a presença da Anadarko Petroleum Corporation e parceiros significa para Moçambique: “23 biliões de dólares em investimento dos quais 2,5 biliões para serem gastos em empresas registadas em Moçambique. Nos últimos cinco anos já gastamos 850 milhões de dólares com fornecedores baseados em Moçambique, cerca de 5 mil postos de trabalho para moçambicanos durante a fase de construção e 1500 durante as operações”.
Anadarko não esclarece que empresas estão a ganhar os 550 milhões de dólares
Entrevistado pelo @Verdade, à margem do evento que aconteceu no passado dia 8, o executivo da Anadarko precisou que em 2018 a empresa está a gastar com “o reassentamento, a auto estrada de acesso, a pista de aterragem e a expansão do acampamento dos trabalhadores cerca de 550 milhões de dólares”.
Questionado pelo @Verdade sobre quanto desse mais de meio bilião de dólares está a ir para empresas moçambicanas Steve Wilson disse “Não tenho os números”.
“Um dos problemas que temos com o conteúdo local é que grande parte do desenvolvimento requer equipamentos de alta tecnologia e muito especializados que aqui não existe, mas nós estamos a fazer tudo o que podemos para tentar maximizar as empresas locais. Estamos a construir centros de emprego e ou de treinamento, é do nosso maior interesse conseguir ter os moçambicanos porque eles são mais baratos do que os estrangeiros” tentou explicar o vice-presidente da Anadarko e director-geral em Moçambique.
O @Verdade solicitou a assessoria de imprensa da multinacional os detalhes desses números mas passaram 2 semanas e o pedido de informação não foi respondido.
Entretanto o @Verdade apurou que todas essas grandes obras de construção civil e engenharia foram entregues a empresas estrangeiras, é certo registadas em Moçambique.
A vila de reassentamento para os 1.500 moçambicanos, forçados a deixar as suas terras de origem no distrito da Palma, está a ser edificada pela italiana C.M.C di Ravenna, através da sua divisão da África Austral a quem também foi adjudicada a auto-estrada entre Afungi e Palma.
A construção da pista para aterragem de aviões foi entregue a empresa portuguesa Gabriel Couto.
A expansão das habitações e infra-estruturas de acomodação para os trabalhadores está a ser feita pala China Road and Bridge Corporation.
Empresas moçambicanas estão a ganhar “zero” do meio bilião de dólares investido pela Anadarko
“As intenções são boas mas como é que vai ser implementado, pensamos que ainda não é suficientemente bom. Queremos ver uma estratégia clara que vá para além das intenções”, acrescentou Florival Mucave que lidera o sector privado nas negociações para a versão final da lei de Conteúdo Local que o Governo de Moçambique pretende implementar com vista a assegurar mais negócio para as empresas nacionais.
Instado pelo @Verdade a indicar quanto dos 850 milhões de dólares que a Anardako clama ter gasto nos últimos 5 anos com empresas moçambicanas efectivamente foi para nacionais Mucave disse que a “CTA não tem ideia”.
Sobre quanto dos 550 milhões estaria a chegar a empresas nacionais o presidente da Comissão de Conteúdo Local e Ligações Empresariais da CTA afirmou “zero” no entanto notou que “toda empresa estrangeira que está a trabalhar com eles está registada em Moçambique”!
Se a Renamo assumisse o poder, “é o que nós chamamos problema Jeremy Corbyn”
Questionado se a Renamo assumisse o poder em 2019 como isso iria afectar os investimentos da multinacionais e dos seus parceiros o executivo declarou: “É o que nós chamamos problema Jeremy Corbyn (em alusão ao líder do Partido Trabalhista inglês conhecido pelas suas posições pouco convencionais), mesmo que a Renamo ganhasse iria deixar-nos nervosos, por causa da incerteza, mas este processo é tão crucial para o futuro deste país que independentemente que seja Governo da Renamo ou da Frelimo eu quero acreditar que tem de seguir em frente, não existe ou local onde poderia ser realizado”.
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