Quando a R+enamo atacou Maputo em 1985

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Quando a R+enamo atacou Maputo em 1985

quinta-feira, 6 de julho de 2017


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A Propaganda!
Existem alguns documentos (raros) da Renamo que relatam e até contrariam a versão oficial de algumas batalhas havidas no conflito de 76-92. Abaixo transcrevo (foto 1) a versão da Renamo sobre a explosão, em 1985, do Paiol, em Maputo, na altura tida como acidental.
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MAPUTO SOB FOGO DA RENAMO
Explodiu o maior paiol de Moçambique
Era a tarde de 25 de Setembro de 1985. Data festiva para a Frelimo. Dentro de algumas horas, o ditador Samora Machel discursaria perante a tribuna das nações Unidas. O discurso inicial previsto, deveria referir-se a situação militar no “seu” país e a derrota dos bandidos. Há precisamente um ano tinha também passado já a data em que a Frelimo anunciara que seria o marco do fim dos bandidos armados. “No dia 24 de Setembro de 1984, nem mais um bandido”, berrava em Maputo a propaganda do regime, durante os primeiros meses desse ano, principalmente apos a inglória manobra política de sobrevivência que foi o tal Acordo de Nkomati, fruto dos enganos e ilusões da Frelimo, de que a guerra civil vinha do exterior.
Os meses passaram-se. Mesmo com a subserviência a Pretória e o consentimento na bantustanização do estado moçambicano que o Acordo com a África do Sul e a mais forte dependência a Pretória vieram proporcionar, Maputo não conseguiu (nem mesmo com o auxilio maciço de contingentes estrangeiros) travar o avanço da luta de guerrilha. As promessas de Machel, mais uma vez teriam que ser esquecidas.
Pelo contrario, a Renamo avisou que ia levar a guerra a Maputo. Conseguiu-o. Apesar da invasão de tropas estrangeiras em território nacional, apoiando a Frelimo. Duas semanas antes do 25 de Setembro de 1985 foram deixados diversos panfletos alertando que a acção dos nossos combatentes se iria fazer sentir em todos os bairros de Maputo, como veio a suceder.
Durante o dia 25, vários foram os ataques a diversos bairros da capital, envolvendo por vezes artilharia, e a que a Frelimo foi também obrigada a responder com armamento pesado. Matola, Matola-Gare, Mafalala, Infulene, Machava e Benfica, foram algumas das zonas mais atingidas. Ao princípio da tarde dá-se o ataque a zona de Benfica, dirigindo-se parte das forças de guerrilha para junto do paiol ai localizado. Muitas centenas de toneladas de explosivos e munições estavam la armazenadas. Um pequeno grupo logra neutralizar a guarda e introduz-se nas instalações. Já o primeiro tinha principiado contra outras instalações militares nas imediações. A parte os estragos causados com a colocação de cargas explosivas pelos comandos da Resistência, em especial em instalações subterrâneas, uma verdadeira chuva de obuses de morteiros e artilharia iria centrar-se sobre os alvos a superfície.
As populações abandonam o local levando nas mãos os panfletos entregues pela Renamo. Os cogumelos de fogo e a metralha começam a elevar-se em ondas sucessivas é o fim completo do maior paiol de Moçambique. Nada igual tinha antes acontecido. As explosões ai registadas em 1974 não atingiram qualquer proporção grave, comparando com o que se passou em 25 de Setembro de 1985. Nos últimos anos, com efeito, os soviéticos tinham abastecido, e muito bem, os vários quartéis e paióis do exército moçambicano. As centenas de toneladas de explosivos e armamentos que haviam empilhado em Benfica já não servem, porém, para nada..
In 'A LUTA CONTINUA !', n.º 06 (Agosto / Dezembro de 1985, pp. 8-9)
Nota: Depois da Revista “A Luta Continua” a Renamo passou a imprimir a “Novos Tempos” onde se encontram as informações que podem ajudar a reconstruir a sua História
Foto de Eusébio A. P. Gwembe.
Foto de Eusébio A. P. Gwembe.
Foto de Eusébio A. P. Gwembe.
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